O Blog “Falando de Copa”, como o próprio nome já acusa, é para falar sobre Copa do Mundo. Não ficará em completo stand by durante os próximos 4 anos, até 2014 sempre que houver algum assunto relacionado a Copa do Mundo que eu queira escrever bobagens a respeito vou acioná-lo. Mas para não ficar somente na expectativa de Copa do Mundo e afins para manifestar minha opinião “Entre umas e outras” entra em ação para que eu possa comentar a respeito de assuntos diversos e não ficar sem escrever bobagem.

sábado, 18 de setembro de 2010

Ultimatum


Ultimatum


Mandato de despejo aos mandarins do mundo
Fora tu, reles esnobe plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade
e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro
Ultimatum a todos eles
E a todos que sejam como eles
Todos!
Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
Que nem te queria descobrir
Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo
Vós, anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
Para quererem deixar de trabalhar
Sim, todos vós que representais o mundo
Homens altos
Passai por baixo do meu desprezo
Passai aristocratas de tanga de ouro
Passai Frouxos
Passai radicais do pouco
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa
Descascar batatas simbólicas
Fechem-me tudo isso a chave
E deitem a chave fora
Sufoco de ter só isso a minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas
Do que todas as janelas que há no mundo
Nenhuma idéia grande
Nenhuma corrente política
Que soe a uma idéia grão
E o mundo quer a inteligência nova
A sensibilidade nova
O mundo tem sede de que se crie
Porque o que aí está apodrecer a vida
Quando muito é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar
Porque não é nada
Eu da raça dos navegadores
Afirmo que não pode durar
Eu da raça dos descobridores
Desprezo o que seja menos
Que descobrir um novo mundo
Proclamo isso bem alto
Braços erguidos
Fitando o Atlântico
E saudando abstratamente o infinito."

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), em 1917


O texto já amplamente vinculado em mídias escritas e mais recentemente em e-mails e blogs foi escrito em 1917, mas suas linhas se mantêm atuais, quase um século depois. Assim como tantas letras de músicas de Renato Russo e Cazuza, entre outros compositores, que entre tantas linhas já exclamaram, por exemplo: “Que país é esse?” ou “Quero ver quem paga pra gente ficar assim”.
O que Fernando Pessoa (Álvaro de Campos), Renato Russo e Cazuza têm em comum é o fato de não estarem mais aqui para presenciar o declínio social no qual o Brasil encontra-se como um ônibus lotado e sem freio ladeira abaixo.
Seja lá qual for o plano no qual eles se encontram no momento podem apontar para nossas caras, cair na gargalhada e disparar um sonoro: “Eu havia dito!!!”.
Enfim, por vezes me pego meditando a respeito da situação deste país, e uma duvida me assombra: Será que ainda não atingimos realmente o fundo do poço ou somos operadores de uma poderosa escavadeira e estabelecemos um novo “fundo” a cada final de declínio?
Existe muita gente chocada com a propaganda eleitoral do Tiririca, mas ele não é o pioneiro, e por mais otimista que seja, não consigo abandonar a convicção de que não será o ultimo.
Mas talvez isso seja na verdade a expressão máxima da democracia, portanto, se é de vontade do povo transformar sua própria Via Crúcis em circo, que se arme o picadeiro então. Reclame de tudo que há de ruim em sua vida, pleiteie a reforma agrária, a da previdência, ou qualquer outra que se faça necessária, mas não deixe de votar no seu comediante favorito, ou naquele cantor que teve uma música de sucesso e agora não consegue emplacar mais nada, ou naquele ex-jogador que fez muitos gols pelo seu time, ou naquele ex-apresentador que não consegue emprego em emissora alguma de TV, ou quem sabe uma estrela pornô.
Pode–se acusar Tiririca de abusar de maneira demasiadamente explícita da total falta de noção dos partidos políticos, dos órgãos reguladores, e é claro, dos eleitores. Mas é preciso dar ao Tiririca o devido mérito da honestidade em assumir que não sabe o que um Deputado faz, muitos se candidatam sem saber, mas não deixam isso claro.
E quantas vezes fomos feitos de palhaços por políticos “profissionais” que insistem em não largar o osso, aprontam poucas e boas e voltam a requisitar votos como se nada de errado tivesse sido feito. E o mais triste é que eles conseguem os votos requisitados.
E agora que estamos à mercê de um regime político obscuro e indefinido, próximos de prorrogar por mais tempo o que já deveria ter sido interrompido, um mar de ações turvas e ilícitas realizada por gente que se aproveita da fé daqueles que confundem humano com popular. A tal da “Ficha Limpa” se mostrou mais uma hipocrisia, um bando de “ficha suja” pede voto abertamente nessas eleições. E bater em mulher? Não é ficha suja?
Mesmo que sendo criança na época lembro-me perfeitamente de ter visto um presidente ser deposto de seu cargo pela mobilização popular, e por conta disso tenho vergonha de mim, vergonha de aceitar tudo aquilo que eu aceito. Se o voto é minha arma, eleição após eleição disparo um 22 contra um exército de fuzileiros. No combate a paralisia infantil e nas eleições são os únicos momentos em que o pobre tem a mesma oportunidade que o rico, mas nem todos aproveitam essa oportunidade para mudar as coisas.
O movimento que culminou na queda daquele presidente teve início no movimento estudantil, porém nos dias de hoje as escolas publicas são fábricas de conformistas. E aqueles que um dia se declaram inimigos do tal presidente, hoje o tem como amigo e com as estripulias que aprontam o fazem parecer um mero ladrão de galinhas à época.
Bem, resumindo, não vou votar no Tiririca, não o farei porque ele já em campanha mostrou não compreender muito bem o funcionamento das coisas, enfim, não votarei no Tiririca porque ele está errado, pior do que ta, fica sim e continua ficando.
Pensando, por outro lado.... Mar de corrupção, populismo barato, compra de votos, encomenda de pesquisas, quebra de sigilo, apelo vulgar em busca de voto, eleição após eleição é assim que se arma o circo, e o circo é deles, mas os palhaços somos nós. Se palhaço vota em palhaço, votemos no Tiririca então.
Sendo tudo um circo e nós os palhaços, vamos nos caracterizar adequadamente para exercer o mais belo direito obrigatório que nos foi concedido pela democracia, no dia 3 de outubro quando sair para votar, vá com nariz de palhaço!!!

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